terça-feira, 31 de maio de 2016

AS INVENÇÕES DEMENCIAIS


                           
                                  as invenções demenciais todas juntas
A descoberta e desenvolvimento da televisão sugere uma revolução  com importantes  efeitos comportamentais e de cultura. A verdade é que muitas coisas mudaram nas comunidades e hoje a mundialização das redes permitem seguir notícias e relevantes acontecimentos em toda a parte do mundo. Mas o mundo é muito grande para que os homens da comunicação se ocupem dele como deveria ser, tanto mais que tudo o que de novo se faz, faz-se em geral para a conquista de poderes das mais diversas naturezas, nomeadamente em vias como a da economia, da finança, do poder. No início, os operadores e senhores da televisão pareciam achar graça a uma coisa de era potencialmente capaz de influir em campos profundos, das ciências às artes. Mas eles faziam sobretudo escolhas naif mais ou menos como as crianças com um brinquedo novo.





Tendo, na última década, atingido capacidade de chegar a todo o planeta, permitindo ver em todas as regiões ligadas às redes e satélites uma vastíssima variedade de acontecimentos e belas peças da nossa geografia, concertos e assembleias dirigidas a muitas populações, é caso para nos perguntarmos porque é que isso não acontece,  não se fez congregadamente? A chegada do homem à lua foi um dos factos históricos mais importantes da História, no século XX e,embora os meios, já avançados, não tivessem expansão actual, uma emissão conectada mostrou em simultâneo, na terra inteira, em tempo real esse assombroso minuto da primeira pégada de um homem  no nosso satélite lateral. Hoje é possível pesquisar e simular o espaço longínquo sem ter que viajar dispendiosamente no espaço.
E o que vemos concretamente? Vemos o uso falacioso e mercantilista  dessa riqueza da teconologia, no hábito de outros planos rotineiros, quer pela ideia de conquista de cada vez mais audiências, quer atraindo gigantescas quantidades de publicidade, num linha economicista e finançeira.
Por mais estranho que pareça, muitos programas são tão ingénuos e revisteiros como no início. O humor não se sofisticou nem inter-agiu como por vezes finge fazer. Entre nós, Portugal, o futebol é protegido como uma preciosa
comunidade alienígena: chega a acontecer não haver, nos canais base das várias estações e suas derivantes, um único espaço livre de futebol. Aliás, como acontece com a chuva de telenovelas ou programas de noticiário (sempre escasso) aquilo a que chamarei a cartelização da publicidade: tudo fica, ao mesmo tempo, tomado de publicidade, nem sequer muito criativa mas barulhenta, todoo espaço televisivo.
Sobre tudo isto haveria muito para dizer, mas como há «vigilâncias» que nos censuram a palavra e cortam o conteúdo, direi apenas que o mundo das telenovelas, podendo ser um meio culturalmente rico, está manietado por maneirismos impertinentes, como nas bandas sonoras, cantigas por tudo e por nada, o falso engenho de abrilhantar a imagem. Além do mais, uma novela como «Coração de Ouro», que ganhou amedalha de ouro e tem imagens de grande qualidade sobre os contextos do Porto e Douro, prende-se a um sinistro enredo de uma rapariga que,na melhor das hipóteses deve representar o Demo ou o que de pior, em inveja, arrogância, atitudes criminais, pode ter a pretensão de representar o homem no seu pior, horas e horas a fio.

Se ligássemos esta narrativa ao feitio dos nossos tutores na Europa, na Comissão, no Eurogrupo, experimentando comparar isso com a ideia  de  uma união de nações, sem regras fechadas nem mais muros em torno do déficit, não haveria espaço para reduzir um novo livro visando a redenção humana. Há quem diga que os Cavalos de Tróia, entrando na Europa aos milhares e preferindo a Alemanha, estão a recomeçar a História antiga. Daqui a um século, os cristãos, eventualmente, sem resgate e já sem fé, poderão ter que se sepultarem por esse Atlântico fora.

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