transfiguração
de um
imperador
da Roma antiga
UM
ESTRANHO À BOCA DAS URNAS
Este segundo milénio abriu o
calendário de forma enviesada e fracturando-se em várias dezenas de guerras que
nem sequer simulam a última, dita mundial. Depois das querelas dos israelitas,
implantando um país de ponta a ponta, por força de antigas nações coloniais, na
insanidade de expulsar ou irradicar de si mesmos os palestinianos, uma falsa
culpa de todos em todos foi implantando na faixa dos pesadelos um resto de
descolonizações brutais, sem memória nem ética, enquanto os EUA, secretamente
ou por feio abuso, perfilhavam negócios a leste, no declínio da guerra fria,
mostrando mesmo na televisão grandes carros transportando caixas com
supostas armas nucleares, ao longe, no Iraque, supostamente em obscura traição
de Hussein contra um Ocidente de mistura laica e religiosa. O presidente Bush
apelou aos aliados e, caindo ou não na armadilha, decidiu uma guerra contra o
Iraque, sem rei nem roque, cuja verdadeira finalidade não foi encontrada nem
alguma pedagogia de alianças soube esboçar. Recuou erraticamente, bebendo água
do Luso e repartindo o esforço, ao matar o ditador Saddam e procurar oferecer
ao país os soldados iraquianos treinados militarmente.
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Um dia, bem tarde, com guerra
na Síria e em parte do Médio Oriente, o primeiro presidente afro-americano dos
EUA, Obama, após um trabalho ponderado, em geral bem compreendido, o seu
mandato chegou ao fim sob o "atentado" de um candidato da riqueza e
da direita sem fígados, Donald Trump. O mundo globalizado, cheio de sombras,
lixos, tecnologias cada vez mais sem medida, encheu-se de carnavais televisivos
e outros, durante as eleições primárias nos EUA: aquele Trump poderia encarnar
um cowboy dos melhores tempos, mas fazia as suas viagens berrando insultos: que
era preciso acabar com tudo o que se excedera na corrupção, terminar com as
vagas de emigrantes, migrantes daqui e dali, expulsar os ilegais, fechar a
entrada do país a todos os muçulmanos, gente e gente que transportava
terroristas entre si, nunca mais a tolerância de misturas sem princípio, criar
muros face ao México .
O homem de cabelo dourado, já
príncipe da América, desatou então (aí o temos) a decretar tudo, montes de ideias
radicais, assinando com uma caneta de feltro, aos bicos, e mostrando tudo de
frente para a televisão. Nada disso está legalizado pelas estruturas
competentes, mas já os aeroportos se baralham e as famílias separadas em viagem
temem pelo seu futuro, a Europa sem norte, perdida de si e da cultura que a
definia. O mundo incha de efeitos maléficos, não há cirurgia que o salve ou
redima dos erros da esplendorosa globalização das primeiras décadas do século
XXI.
Que o gelo deslizante nos
socorra e a infecção se contraia.
Um louco que embala a América obscura e ignorante que o elegeu, mas um louco perigoso para o mundo que se quer são e culto, em busca da paz entre os Homens de todos os credos.
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