terça-feira, 21 de agosto de 2018

VOLTARAM AS CHAMAS

   Bem me parecia que esta civilização  tem sido a fingir, rasuram por todo o lado o planeta e a história longa e laboriosamente conquistada em edificações, ciência e cultura. Assim também se encheram paisagens, a Natureza quase toda, de diversos perigos quanto à funcionalidade das coisas e seres, ou relativamente à capacidade produtiva, confundindo trocas comerciais e económicas com os mundos contrafeitos dos bancos secretos onde os ganhadores de dinheiro desviado  lavam e escondem fortunas indescritíveis. Multidões desarticuladas migram entre países em convulsão e a mítica Europa  das Grandes Guerras e dos prazeres culturais, entretanto repletas de viajantes ou viagens de entretenimento, sofre, sem guerra, o sobrevoo de milhares de aviões nos céus da utopia, das praias, casinos, hotéis, abrigos de montanha, um clima cada vez mais instável, calor a mais. grandes armazéns e carros de lixo, um clima cada vez cada vez mais instável, CO2 na estratosfera e na atmosfera, máscaras sobre as bocas e os narizes das caras breves das raparigas em Pequim ou Tóquio -- e assim por diante, enquanto os campos e as grandes florestas, indevidamente exploradas, se incendeiam por artes mágicas, agindo ventos e chamas sem fim, numa cadeia de desastres apocalípticos.
        Portugal fazia parte de uma zona temperada da Península Ibérica, voltado para o oceano Atlântico, pelo qual viajou em lanchas e caravelas, entre lendas e achamentos deslumbrantes, deuses do mar e da terra, novos continentes, novas gentes, coisas   e  produções que quase souberam negociar bem, durante séculos, deixando que outros roubassem o produto e a sua notícia. 
            Este Portugal perdeu a monarquia, tentou abrir-se à  modernidade do tempo, sobretudo no século XX, no fim de contas capturado pela  ditadura e por uma guerra  colonial onde o império imaginado se  desfez  em pouco mais de doze anos, as almas sombrias, a revolução de 25 de Abril de 74 procurando reinventar a portugalidade, provisoriamente   as em plena constitucionalidade.
               Tudo aconteceu com retornos e fugas, entre novas emigrações, enquanto o fogo emergia dos conflitos, dos ajustamentos, dos negócios enviesados, da própria aventura de adesão à União Europeia, regras e austeridades, uma ilusória união  de gentes cada vez mais vis e egoistas, mal sabendo o que fazer com as massas de emigrantes religiosamente selvagens, da Síria, de zonas pobres e de vários países africanos, descolonizados e arrasados por ditadores impensáveis.
             E enfim, de novo entre nós, a tradição do fogo rebentou outra vez com a violência dos deuses e dos seus serventes, doentes de pegar fogo, Tudo tem ardido numa floresta dita desarrumada, aliás como as nossas grades cidades, impensáveis e demenciais. Não é assim que se ordena o território e a vida, quer com este tipo de cidades, quer com os abandonos da interioridade, florestas de quase desabitadas de aldeias e de gente idosa, até às casas vazias e ao fogo politizado pela incúria
                                                                                                                                     Rocha de Sousa
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JÁ SEM DATA

VOLTARAM AS CHAMAS. RESTA A POLÍTICA

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

VIAGENS NO METRO

 O Metro está a chegar. Cem metros em o Metro, dizem os passageiros ou contam os mais entusiastas. Mas não sabem quantas portas, nem quantos minutos são necessários para esvaziar cada chegada e encher cada partida, sobretudo das estações centrais, em geral nas horas de ponta, completamente repletas de concorrentes a passageiros. São  assim todas as grandes cidades da Globalização, a par de mutações terríveis, conjugadas, relativas ao clima -- subida geral das águas dos oceanos, tempestades soberanamente tropicais, grandes áreas em todos os continentes submersas por águas destruidoras: casas perdidas, milhares de carros arrastados centenas e centenas de mortos, feridos graves e ligeiros.Desaparecidos sem conta sempre, anos e anos. Um mundo em reconstrução, as massas de entidades da emigração desapiedades das massas de aeronaves que atravessavam todo o espaço aéreo todos os dias.
Então falemos do Metro. Deixou de ser rápido porque as pessoas bloqueiam as chegadas e as partidas. À superfície há lutas para alcançar electronicamente os perfumados substitutos dos táxis, agora brilhantes alienígenas da Uber, da Geat,da Gobit, da Honefer.
Há vinte mil grandes cidades, no mundo inteiro, integralmente paradas, com multidões de desempregados, gente trotando bicicletas, gente a pé, grupos enchendo os velhos Tuk y Uk que os turistas cavalgavam com motoristas falantes, dizendo coisas da história e da cidade.
À medida que os oceanos submergem as terras e as energias são substituidas a partir de processos solares e eólicos, a  Groonelândia já quase se desfez e um milhão de espécies desapareceu. Trump, com 110 anos, internado num hospital de conservação, continua a escrever num breve Thouik que os homens estão a pagar pela sua alucinante ganância. E exalta o aparecimento obscuro do dinheiro online.
O Japão, abalado pelas cheias e pelos terramotos, construiram este ano dez mil humano cargueiros,grandes barcos que vão manter as comunidades, apoiadas em redor, quanto aos meios de sobrevivência, por barcos plataforma, produtores das coisas essenciais. Havia filas de computadores em toda a parte.
                                                                                            RSousa