segunda-feira, 24 de setembro de 2018

UMA HISTÓRIA DE TAXIS E PLATAFORMAS ELECTRÓNICAS

Por mais estranho que pareça, acabo de ouvir na televisão portuguesa um senhor (cujo nome me escapou) falando com grande cópia de modernidades tecnológicas a propósito das últimas manifestações dos taxistas deste país e em confronto com as chamadas plataformas "electrónicas", como a Uber, que se instalaram no nosso país, Lisboa sobretudo, à maneira de um grupo de turistas libertinos e dispondo dos mais dotados telemóveis  conhecidos, com os quais iniciaram a caça, sobretudo, dos jovens bem munidos de tais artefactos pluridisciplinares.
As partituras usados foram as mais comuns à cultura deste núcleo da sociedade portuguesa, candidatos a emigrantes (Londres,sobretudo) e já universitários  de uma cultura com ritmos fundados no metal e nas ondas de todos os comprimentos, bem como de expansão em  decibéis indizíveis. 
Os homens da Uber (escrevo assim, porque me parece palavra agradável ao nosso Acordo Ortográfico). logo perceberam que ter gente da sua laia nas ruas. E mais: falando sobretudo o inglês  às primeiras falas dos condutores. Transporte? Uber. Taxi? Não carro em via de trânsito, contrato à vista.
Os nossos taxistas, como os nossos jovens universitários, perceberam tudo num ápice, Os moços e moças, que estavam nesta e naquela esquina, ou a caminho de uma praça de táxis, sacaram rapidamente dos seus telemóveis e digitaram mensagens de chamada. O retrato dos carros e pontos em que se encontravam saltou à vista da malta. A Elisa saltou de contente: "aí vem o futuro!"  OK. Eu vou neste; e carregou na marca apropriada, digitando o lugar em que se encontrava.
O senhor que acha ser esta sintomatologia a melhor de todas as soluções no sector, que está ao alcance de toda a gente, que abrevia chamadas e recursos. E mais disse: que os taxistas estavam apenas incomodados com mais:a natural "lei da concorrência". E disse ainda: "os taxistas não se actualizaram, fazem formação,pagam alvarás, têm seguros, mas não sã esses os dados de uma leal concorrência."  LEAL CONCORRÊNCIA. Ninguém sabia de nada: a disputa de mercados deve fazer-se co lealdade, naturalmente, o que implica tipificações reguladas segundo os fins do trabalho apresentado e de acordo  com idênticas (senão iguais) estruturas físicas, legais e contratuais em correspondência com a natureza dos lugares das pessoas e dos estatutos institucionais regulados pelo governo do país.
O senhor que falou na televisão tratou os taxistas com leviano desprezo, como se já  devessem ter arrancado os taxímetros e montado um bom e sonoro comando de barras. Há muito a dizer sobre isto. E o cmportamento do governo foi silencioso, coo se aqueles trabalhadores tivessem exigido fundos para adquirir os mais sofisticados carros da Rols. Ainda há quem governe assim, ou exagerando nos beijinhos à populaça ou enviando uma espécie de seu representante (da Presidência da República) à porta, para ouvir o recado ou receber uma carta. O Primeiro Ministro berrava há dias na Assembleia da República: «Se o senhor deputado não percebeu, repito: já foi decidido há dois anos a deslocação do Infarmed». E voltou a repetir. Hoje trataram de nomear uma Comissão Independente para estudar o assunto. Imaginemos que o porto de Lisboa dispunha de uma frota de cinquenta cargueiros com carreiras estudadas há mais de dez anos entre diferentes partes do mundo e sempre com êxito. Que raio de troca de bairrismo seria aquela que mudasse os cargueiros todos para o Porto?
Eu estou em vias de desaparecer (não sei em que condições) mas gostaria de saber, do sítio que me for designado (descentralizadamente) quando as viagens aéreas forem entrosadas por companhias que não obedeçam  a todas as linhas das pontes de tráfego entre milhares de aviões
e  milhares de torres de controle.  Que dirá o senhor da televisão: que as novas marcas de voo podem começar pela estratosfera, sem rei nem roque e preferir os portos marítimos para amarar no planeta que ainda temos.
                                                                                                                   Rocha de Sousa