sábado, 6 de outubro de 2018

COMBATE A UM CRIME OCULTO

NADIA MURAD 

O Prémio Nobel deste ano (2018) foi atribuído a Denis Mukwege e Nadia Murad. Mukwege ocupou a maior parte da sua vida a tratar crianças, raparigas e mulheres, caso de uma dimensão absurda na dureza demencial que se propaga em grande medida pela República Democrática do Congo. A guerra civil que contaminou o país nos anos 90 iniciou um pouco por todo o lado epidemias  de violências sem nome e a brutal constante de violações sobre mulheres jovens e outras já idosas, mães e avós na paisagem poeirenta ou nuvens do inferno.
Mukawege, no lugar que criou para ajudar centenas e centenas de vítimas daquelas sombras, colocando-se  assim em contacto diário com um cenário horrível que reflectia  a mais vil flagelação dos direitos humanos e derramava em redor um mar de imensa indignidade de homens cegos.
Este médico e Nadia Murad, segundo um título do jornal português PÚBLICO, deram ao mundo uma contribuição crucial para combater este tipo de crimes de guerra. Esta frase deriva
de observações feitas em público pelo Comité  Norueguês do Nobel. Por seu lado, com o livro que escreveu, Nadia como que apaga as torturas que sofreu e as violações escravizantes a que o seu corpo foi submetido. Então ela diz-nos: EU SOU A ÚLTIMA. Não lembraria a ninguém, em tal situação, cobrir o futuro com uma ressusitada  do último crime de guerra ou da última face da barbárie. A sua face plena, inteira, de olhos parados mas pousados no mundo dos comunicadores, trouxe até nós, usufrutuários dos meios de comunicação caseiros, uma inquietante lembrança de outros horrores, porventura de alguns velhos sobreviventes do Holocausto. O livro parece uma benção, se pensarmos que o médico Denis trabalhou arduamente sobre cerca de trinta mil pacientes de várias idades, livrando muita gente de tanto pavor e talvez rezando palavras secretas sobre as crianças que não sobreviviam.
Mas a paz (ainda dura) que pousou nas máos meio abertas de Nadia conferem-lhe um trajecto difícil pelo espaço das Nações e dos organismos que procuram, sem grande efeito, travar a fúria
das marchas sangrentas do Daesh, com esses grupos que a sequestraram, a fizeram escrava da fúria sexual dos guerreiros, lhe destruiram a aldeia em que vivia, acusando-a de prosseguir uma relegião menor. Que coisa é essa? Que direito isso confere às matilhas islamitas para assassinarem uma população inteira e fazerem novas escravas sexuais, condenando à morte a família? Isso aconteceu a Nadia Murad, assistindo à morte dos seus ses irmãos.
É cada vez mais urgente tratar as demências dos humanos, a opulência das  fortunas  impuras que compram a globalização e especulam com os pobres  o seu direito à casa e ao pão, entre fumos e bancos secretos, vez mais, toda a tragédia que afecta a Natureza e os Homens restantes, enquanto a terra treme cada mais e promove a morte colectiva através de ingénuos mas enormes tsunamis.  Nadia, escreve outro livro e diz às pessoas para desmontarem as cidades e os grandes exércitos, incluindo os bárbaros que ainda crescem e decapitam os pobres.

Rocha de  Sousa

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